As armas de fogo conferindo às embarcações grande poder ofensivo tornaram ineficazes os sistemas tradicionais de defesa e vigilância da costa.
Os velhos sistemas tinham por base atalaias (de que a torre do Outão é um exemplo) e fachos que se acendiam quando havia perigo.
Em Portugal, a tomada de consciência da ineficácia da defesa marítima surgiu a partir de 1540, como consequência dos ataques de piratas norte-africanos e corsários franceses.
Em 1549, o rei D. João III (1521 a 1557), convicto da necessidade de defender as barras dos portos e os possíveis pontos de desembarque, instituiu o cargo de "Mestre de obras das fortificações do Reino, lugares de além e Índias", confiado ao mestre Miguel Arruda que irá projectar o Forte de S. Julião da Barra, na foz do rio Tejo.
Na continuação desta política, concluiu-se em 1572 o projecto de reestruturação e ampliação da Fortaleza de Santiago do Outão na barra do Sado em Setúbal, projecto dirigido por Afonso Álvares. As inovações arquitectónicas incidiram na construção de um baluarte e de uma esplanada onde podiam ser instalados canhões.
Em 1582, Filipe II, já aclamado rei de Portugal, visita Setúbal e terá então encomendado a Filipe Terzi o projecto de uma nova fortaleza (Fortaleza de S. Filipe) para reforço da defesa do porto de Setúbal (Muralhas do Castelo) que complementaria a do Outão.
Esta fortaleza abaluartada com uma planta em estrela, foi construída num morro sobranceiro à cidade, relativamente distante do rio o que leva a crer que para além da missão expressa de defesa marítima, teria a função de manter uma guarnição fiel e assegurar o controle sobre a cidade, hostil ao domínio castelhano. Na continuidade da estratégia defensiva iniciada no séc. XVI (defesa das barras e dos locais de possível desembarque de piratas), foi mandado construir por Filipe III o Forte da Ilha do Pessegueiro e projectado o Castelo de Sines (que nunca se chegou a concretizar). Ambos os projectos foram da autoria de Alexandre Massai.
A 1 de Dezembro de 1640, a nobreza portuguesa aclama D. João IV como novo rei, pondo termo a sessenta anos de domínio dos Habsburgos.
A primazia da defesa incide agora sobre a fronteira terrestre, com o objectivo de evitar as incursões espanholas no território português. O litoral será guarnecido de baterias, com fins de alerta e defesa restrita, pois enfraquecido o poder da armada espanhola e feita a paz com a Holanda o perigo não viria do mar. Nesta época, surgem então, linhas de defesa nas barras dos rios Douro, Tejo e Sado. A nova estratégia tinha como pressuposto uma defesa dinâmica, construindo-se para o efeito pequenos fortes onde as peças de artilharia instaladas criavam uma linha de fogo contínua e cerrada.
É nesta estratégia defensiva que se enquadra a construção ao longo do século XVII do Forte de Albarquel em Setúbal (1643) que complementaria o poder de fogo da Fortaleza de S. Filipe, as obras de acrescentamento da Fortaleza de Santiago do Outão (1643-1657), a construção do Fortaleza de Santiago de Sesimbra (1648) e dos revelins adossados à muralha em Sesimbra (1648), a construção do Forte de S. Teodósio ou Forte da Ponta do Cavalo em Sesimbra (1652) e finalmente o Forte da Arrábida (1676).
Colaboradores | Texto e mapa: Região de Turismo da Costa Azul |
---|---|
Outras Páginas |