Castelos de Portugal

Silhueta do casteloLamego

"E, pero que a cidade era mui forte, foy cercada em redor. E tantos engenhos e Castellos de madeira lhe pos e tã ryjo a cõbateo que a tomou per força"

Crónica Geral de Espanha - 1344

Imponente e Vigilante | De Castro a Castelo | Bairro do Castelo | Último Combate | Lenda de Ardínia | Mouras Encantadas | Visitas


Planta do castelo, que tem forma oval alongada com a praça de armas sensivelmente ao centroBrasão de Lamego: um castelo com uma lua e uma estrelaImponente e vigilante...

Sobranceiro a toda a cidade, o Castelo de Lamego, imponente e vigilante, afigura-se forte no cimo do monte mais alto da cidade, contemplando os rios Coura, Varosa e Balsemão, sentinela atenta a toda a cidade, às encostas do Douro, terras de Trás-os-Montes e Montemuro. De difícil acesso, devido ao acidentado do terreno e à muralha que rodeia a cidade antiga, foi porém palco de várias lutas pela defesa da mesma. Alta e robusta, a torre de menagem ameada ergue-se no ponto mais alto da cidade, a 543 metros de altitude. De planta quadrada e porta elevada a 2 metros do solo, tem três pisos de madeira fortemente encastoada nas duras paredes de pedra. Unido à torre de menagem por dois lados, surge um resistente muro de pedra sem ameias, com mais ou menos 2 metros de espessura e forma de polígono hexagonal irregular, formando assim a praça de armas.


[Lápide colocada na parede principal da capela: "Segundo a tradição, o suevo [...] Idácio foi bispo de Lamego em 435 e aqui era a Sé. A história diz que Sardinário foi bispo de Lamego em 572. Restaurada em 1020."]De Castro a Castelo

Anterior a tudo isto, talvez no séc. V A.D., existia já por aqui um castro (pequeno aglomerado populacional fortificado), provavelmente onde hoje se encontra o castelo. Estes castros foram destruídos e reconstruídos ao longo dos tempos, até à reconstrução do primitivo Castelo de Lamego. A edificação do Castelo, como o conhecemos hoje, acontece na segunda metade do Séc. XII, enquanto a muralha citadina ergue-se já no Séc. XIII. É também aqui que se encontra a antiga Sé da cidade de Lamego. Sardinário foi aqui Bispo de Lamego, em 572.


[Rua dos Moreirais, Bairro do Castelo: calcetada, estreita e em declive, ladeada por casas baixas de paredes de pedra]Bairro do Castelo

Protectora, a muralha rodeava toda a cidade da idade média, aconchegando casas e ruas estreitas. Tinha duas entradas apenas, a “Porta do Sol” na parte sul e a “Porta da Vila” a norte. Hoje existe ainda grande parte da muralha, apesar de um pouco escondida devido ao aglomerado de casas que ao longo dos tempos se foram apegando a ela. Além das características casas, o bairro possui também uma cisterna, com uns vinte metros de comprido e dez de largura. Pensa-se ser das cisternas mais bem conservadas do País, abobadada com ogivas sustentadas por cintas grossas que estribam em pilares da mesma espessura.


[Bandeira da Câmara Municipal de Lamego, bordada em 1803: Num pano vermelho, o castelo em dourado com a porta aberta, o sol à esquerda, a lua à direita e uma árvore em cima. Monograma a cada canto]O último combate do Castelo de Lamego

De difícil acesso, o castelo foi conquistado por Fernando Magno na madrugada de 29 de Novembro de 1057. A descrição das dificuldades na sua conquista estão bem patentes na crónica geral de Espanha, que fala na construção, propositadamente para esta tomada, de engenhos de madeira como catapultas e torres. Apanhados de surpresa, os mouros foram empurrados para dentro do Castelo, enquanto residentes morriam ou eram feitos prisioneiros. A rendição não tardou em aparecer e Fernando Magno mandou levantar a cruz que marcava o início de uma nova época para a cidade de Lamego.


[Porta da Vila: À noite, uma luz brilhante atrás do arco a realçar o ambiente misterioso e romântico do castelo]Lenda ou verdade...

Nos tempos idos das guerras entre Mouros e Cristãos, viveu no Castelo de Lamego um Rei Mouro de nome Alboacém, pai de uma linda princesa de nome Ardínia. A sua beleza era tal que desde logo seduziu o capitão Tedon, quando um dia, disfarçado, veio a Lamego. Tedon era um cavaleiro cristão, bisneto do Rei de Leão, D. Ramiro II. O primeiro encontro entre Tedon e Ardínia acontece no laranjal do castelo numa bela noite de luar. Com o suceder dos disfarçados encontros, a paixão entre os dois jovens aumentou rapidamente. Um dia os jovens apaixonados decidem fugir para o convento de S. Pedro das Águias, onde o Abade Gelásio os casou. Porém o pai da princesa, ao sentir-se atraiçoado, procurou-a por toda a parte, vindo mais tarde a encontrá-la refugiada no tal convento. Sem dó nem piedade foi pessoalmente ao esconderijo da filha e ali mesmo a matou. Diz-se hoje que nos Invernos em que o Castelo se envolve em nevoeiro, a alma da princesa Ardínia paira sobre o mesmo...


As Mouras Encantadas do Castelo de Lamego

Já vai para 90 anos, quando o Sr. Joaquim de Sousa Macário, general de Brigada reformado, contava a Lamecenses uma história do Castelo de Lamego, que ouvira, na sua infância, a "uma criada velhinha". E, nessa altura, dizia o Sr. General: a lenda ia esquecendo à geração contemporânea.

[Torre do castelo à noite]Um Rei Mouro, muito antigo, levado por poderosa fada feiticeira, mandou abrir, secretamente, no bairro do castelo, três túneis para uma sala, cada qual com a sua porta fechada. Mais, fez afixar uma legenda à entrada destas portas. Numa estava escrito: "peste que pode matar gente até uma légua em volta "; Noutra: "tesouro de grande riqueza"; e, numa terceira: "encantamento". Mas, ficou também ali uma advertência: cuidado, que estão as legendas trocadas.

[Entrada para o Bairro do Castelo]Este senhor do Castelo, um dia, receando ser morto pelo nosso Rei Dom Afonso Henriques, resolveu fugir, sem ver modo de levar consigo a suas 3 filhas "formosíssimas e jovens". Assim, pediu a uma fada feiticeira que o acompanhava, que as encantasse. Tomaram as três lindas mouras o bálsamo do encantamento, que lhes permitia "duração eterna", ficando guardadas "no dito subterrâneo aonde existem"... Também foi encerrado, noutro túnel, o tesouro real.

E lá se foi o rei mouro para os Algarves. Pensava voltar um dia, com a fada que lhe desencantaria as filhas, e haveria igualmente o tesouro escondido. Faleceu em Tavira. A fada que o acompanhou, também.

[Torre do castelo de Lamego]Continuam no bairro do Castelo as três princesas mouras... Quem as procura receia abrir por engano o túnel da peste, e todos têm desistido.

Com a "recuperação" da área do castelo para breve, espera-se encontrar o tesouro -- o que poderá valorizar muito a zona sob o ponto de vista turístico...

Quanto às mouras, se forem encontradas -- é que não parece possível desencantá-las, uma vez que fada do encantamento, como dissemos, faleceu no Algarve. O que foi lamentável a muitos títulos, não sendo o menos importante a continuação desta história.


[Bairro do castelo, vista nocturna]Visitas

Visite-o por dentro: peça aos novos e simpáticos escuteiros que lhe expliquem um pouco mais da história deste belo Castelo. Peça também para subir à torre de menagem e admire a bela vista sobre o bairro, a cidade e os arredores. As visitas são gratuitas.

Horário de Verão:

Colaboradores "Mouras Encantadas" e brasão: Bruno Melo
Restante: Paulo Monteiro
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