O topónimo Lindoso deriva de Limitosum (Limesitis) e não de lindo, como fantasiosamente se afirma.
O lugar estratégico que é Lindoso, esteve sempre relacionado com a defesa de passagem pela portela da Serra Amarela e pelo Vale do Cabril, e respondendo no princípio da formação de Portugal, à concepção de uma cintura defensiva ao longo da raia seca confinante com o reino vizinho.
A sua fundação como castelo deve situar-se no início do Séc. XIII, com D. Afonso III, devendo a data situar-se entre 1220 e 1258, dado que nas inquirições da primeira data não se lhe faz referência e na da segunda sim. Mandado restaurar e ampliar por D. Dinis, a quem alguns atribuem a torre de menagem, que nele residia durante as caçadas que fazia no Gerês.
O Castelo foi reforçado por obras do séc. XVII, mas conserva quase perfeita a sua arquitectura medieval.
Na construção inicial duas torres quadrangulares defendem a porta de armas, virada para a povoação. No lado oposto, a torre de menagem, ampla e de 15 metros de altura, tem a face norte alinhada com a cerca que a substitui. Ao seu lado, no sitio onde é a entrada actual da época moderna, deve ter existido a porta da traição, hoje junto à ponte levadiça.
Embora a cerca do Castelo tenha um aspecto românico por não ter torres defensivas a flanqueá-la nem mesmo nas esquinas, os especialistas consideram-na já gótica, pelo facto de a torre de menagem estar integrada na cerca e no adarve e por causa dos seus mata-cães.
Deve tratar-se de uma solução económica, tanto mais que a função estratégica dos torreões defensivos foi suprida pela existência de varandas (góticas) defensivas, apoiadas em mata-cães que se apresentam em todos os pontos onde a cerca muda de direcção.
A porta de armas, pela solução gótica que apresenta e pelo escudo que a encima sugere a época de D. Afonso III. No interior, além da cisterna, há construções arqueológicas de bastante interesse, entre elas a casa do Alcaide e da guarnição, a capela e o forno, este com cerca de 1,80m de altura interior e um diâmetro de cerca de 2,5m , e ainda bastantes pedras com datas gravadas.
O mesmo interesse se aplica às obras abaluartadas que o contornam.
Os abaluartados são fortificações inspiradas no sistema do engenheiro francês Vauban, foram mandados executar pelos espanhóis durante as campanhas de Guerra da Restauração, no período que vai dos fins de 1662 a princípios de 1664, durante o qual o Castelo nos foi tomado por eles e esteve sob o seu domínio.
A traça da cintura Vauban é de D. Gasparo Squarciáfico, marquês de Buscayolo, engenheiro Italiano ao serviço de Castela (1662).
Os abaluartados apresentam o aspecto de um pentágono irregular envolvendo completamente a fortaleza medieval e construídos por grossas muralhas, que formam as faces do pentágono, cinco baluartes que são bastiões salientes de reforço que cobrem os ângulos mortos, um revelim que defende a secção de muralha em frente da ponte levadiça, que dá acesso à actual entrada principal do Castelo.
Com as obras do Séc. XVII foi invertida a posição da entrada principal do Castelo, passando a ser a antiga porta da traição, ficando a anterior apenas com acesso ao interior abaluartado do reduto sul.
Lindoso foi o local da luta mais acesa de Entre-Douro e Minho, na guerra da Restauração.
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Depois da Guerra da Restauração voltou-se a uma situação em que as guarnições militares foram maioritariamente colocadas ao longo das fronteiras com Espanha.
Valença era a Praça Forte da Guarnição do Minho e o Castelo de Lindoso um seu destacamento, com cerca de 300 homens.
Esta situação manteve-se até 1895, data na qual, pela última vez o castelo cumpriu a sua função militar de sentinela avançada do Passo da Amarela.
A defesa do Passo (ou Portela) e do Vale de Cabril assentava numa estratégia em que o Castelo funcionava como segunda linha do Campo Entrincheirado da "Chão de Clérigo", da qual se dominam os montes da Madalena, além do Rio Cabril e entrada deste, por onde se atinge o Vale do Homem e do Cávado e vice-versa.
Hoje o Castelo de Lindoso, depois dos trabalhos de restauro com respeito pela sua história, está transformado num espaço vivo, no qual se desenvolvem actividades culturais, promovidas pela Autarquia, pelo Parque Nacional Peneda-Gerês e pelo Museu Militar do Porto.
Colaboradores | Pedro Nuno Ribeiro Gonçalves |
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